Julho de 2022
Sandra Costa
Vice-Presidente da APO
Para Ensinar sempre se recorreu a métodos pedagógicos que têm evoluído ao longo dos séculos, com recurso a diferentes materiais e processos como a escrita cuneiforme, o papiro, a ardósia, o livro, os slides e, desde o século passado e a passos gigantes, às novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), com utilização de LCD, DVD, computadores e internet. Pressupõem, portanto, o ensino à distância. No entanto, o Ensino continua a recorrer ao paradigma de professor/formador – aluno/formando – método pedagógico.
O eLearning constitui uma metodologia de aprendizagem que resulta da associação entre Ensino com recurso às TIC e a Educação a Distância. Uma das questões que mais polémica suscita, é a controvérsia ensino presencial, onde o professor/formador debita a matéria prevista, mesmo recorrendo a suportes multimédia (vídeos, Power points, etc.) versus eLearning.
Na evolução do eLearning têm ocorrido diversas fases – do deslumbramento à decepção, que não é o momento nem tenho competência para deles tratar. O fundamental é a presença nas plataformas de eLearning de conteúdos pedagógicos (incluindo áudio e vídeo) com os quais os alunos/formandos vão interagir, da responsabilidade de equipas multidisciplinares constituídas por pedagogos, web designers e programadores. À aquisição passiva de informação centradas no Professor/Formador (as antigas “aulas magistrais”) passa-se à aquisição de competências mediante sistemas de base tecnológica, com recurso a jogos, problemas, com a participação e interacção, maior ou menor, dos instruendos, a sua organização em grupos que contactam on-line e com recurso a tutoria. Pensar-se em eLearning como método em que se passam as gravações das apresentações dos professores, equivalentes às velhas sebentas por onde muitos de nós estudaram, não introduz qualquer mais-valia à aprendizagem.
Nem todos os alunos aprendem à mesma velocidade. Para tanto, contribuem as suas próprias aptidões, motivação, controlo, empatia ou seja a sua Inteligência Emocional. Fundamental é também avaliar os estilos de Aprendizagem de cada aluno. É, pois fundamental a introdução de um modelo pedagógico, como o que utilizamos no nosso Curso de Exploração Funcional Vestibular, o SAFEM-D (Sistema
Aberto de Formação e Ensino Multimédia a Distancia) que visa aumentar a rapidez de aprendizagem, a sua eficácia e reduzir a duração da aprendizagem e os custos.
No nosso curso de eLearning (F. Vaz Garcia, José Tavares e AA Fernandes e col.), baseado no modelo pedagógico e na plataforma da DLC (Distance Learning Consulting), após um Teste de Diagnóstico que fornece um conhecimento prévio dos conhecimentos de cada aluno sobre a matéria, inicia-se o curso que consta de Aulas Virtuais Teóricas e Práticas e dum Sistema Paralelo (trabalho em equipa com recurso a modelos atractivos criados por especialistas em didáctica, psicólogos, web designers). Tem grande flexibilidade: o aluno aprende ao seu ritmo, no seu ambiente, quando quer, em pequenos módulos (mais eficazes). Dos vários módulos que correspondem a diferentes capítulos da Otoneurologia, o formando é avaliado, o que lhe fornece feedback de áreas dos conteúdos que necessitam futuro aperfeiçoamento/desenvolvimento. Os testes são, assim, instrumento de aprendizagem e não apenas mecanismos de avaliação; o aluno serve-se deles e dos quizzes como métodos interactivos. A aprendizagem não é imposta, pois apela às motivações do formando. Este aprende pela sua própria actividade: observação, reflexão e experimentação. O reforço é positivo: satisfação pelo sucesso e pela cooperação; a memorização é facilitada pela actividade e pela descoberta; os formandos determinam a orientação do seu processo de raciocínio.
O nosso curso em eLearning iniciou-se em 2007, com a realização de 2 cursos anuais. Inicialmente com uma duração de 90 horas, em 2015 foi revisto, actualizado e passou a uma duração de 60 horas.
Tem sido frequentado preferencialmente por médicos. Desde 2012 verificaram-se 1627 participantes, dos quais 1465 eram médicos (com maior incidência de Medicina Geral e Familiar) e dos restantes não-médicos (135), principalmente especialistas e estudantes de Audiologia.
Quanto à nacionalidade a maioria foram portugueses: 1523 contra 124 brasileiros.
O nosso curso tem sido gratuito, aberto a todos os profissionais de saúde, e é o único na internet com estas características. Inicialmente financiado pela Solvay, é presentemente mantido pela Mylan.
Conservá-lo, com o apoio tutorial exigido e todas as tarefas administrativas, além da necessidade de evitar a obsolescência das matérias e ser necessário criar novas animações, tem custos, como com a formação em qualquer outra área de actividade.
Dificilmente poderemos garantir a sua continuidade sem a participação económica dos alunos/formandos. Numa estimativa grosseira calculámos que com 250 inscrições/ano o preço do curso em eLearning será equivalente a um único curso presencial, com 15 participantes…
Ao fim de 10 anos realizámos uma avaliação qualitativa entre o nosso curso e outro equivalente presencial, e verificou-se que 86,45% preferiam o eLearning, contra 13,55 % que escolhiam ainda o presencial. Também quanto aos resultados do Diagnóstico Inicial e os Resultados Finais a diferença é abissal, sendo a média dos Resultados Finais de 92,93%.
Parece inquestionável a importância deste curso e a necessidade de o manter, actualizar e aperfeiçoar. Importante a sua certificação de qualidade – competência que deve ser atribuída à APO. Todos os profissionais que trabalham na área da otoneurologia , nomeadamente no seu período de formação, devem ser obrigados curricularmente a realizá-lo.
Com este curso poupa-se dinheiro na formação dos profissionais de saúde.
Sandra Costa
Vice-Presidente da APO
Nuno Trigueiros
Presidente da APO
Maria Manuel Henriques
(vogal da APO)
Nuno Trigueiros
Presidente da APO