No Serviço de Otorrinolaringologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia utilizamos um protocolo de estudo dos doentes com perturbações do equilíbrio que inclui Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Cerebral, Cranio-corpo-grafia (C.C.G.) e Electronistagmografia (E.N.G.). Com a E.N.G. registamos o nistagmo espontâneo, nistagmo de fixação, prova calórica (teste calórico binaural alternado) e prova rotatória (teste rotatório de intensidade amortecida). Estes dois testes representam, reconhecidamente, estímulos de diferentes intensidades, sendo a prova rotatória o estímulo mais forte para o sistema vestibular. Dispomos assim de dados que nos permitem comparar as respostas do sistema vestibular a estímulos de intensidade diferente. Segundo Claussen esta Comparação da Resposta a Estímulos de Intensidade Diferente (C.R.E.I.D.) é extremamente informativa, podendo definir-se fundamentalmente três padrões gerais: 1-Comportamento Paralelo (respostas ao estímulo calórico e rotatório do mesmo tipo, ambas normais ou inibidas ou irritativas); 2-Recrutamento (teste calórico inibido e perrotatório ipsilateralnormal ou desinibido, ou teste calórico normal ou inibido e perrotatório desinibido); e 3- Decrutamento ( o fenómeno inverso, resposta mais forte ao estímnlo mais fraco). Estes padrões são subdivididos por Claussen que define 9 diferentes tipos de C.R.E.I.D.. O objectivo deste estudo é tentar estabelecer se, na nossa série de doentes com doença vestibular periférica, poderiamos definir algum tipo ou tipos particulares de C.R.E.I.D. e se esses tipos teriam algumas implicações em termos de prognóstico.
Concluímos que, na nossa amostra de 69 doentes com doença vestibular periférica, os tipos de C.R.E.I.D. mais frequentes são os tipos III e IV, e que esta relação nos parece muito significativa. Pensamos também que o tipo IV tem uma excelente resposta à terapia de reabilitação vestibular, sendo, em nossa opinião, conotado com um melhor prognóstico.